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2024: Um ano para se observar a geração Z, que se estabelece com poder de consumo.

 

Entre as névoas dos prognósticos para 2024, um ponto brilha como um farol na escuridão: a ascensão imponente da Geração Z. Especulações e palpites enchem o ar, mas essa geração que representa 30% da população brasileira, captura minha atenção. São os próximos protagonistas, os futuros clientes, amigos, talvez até os filhos ou netos. Eles chegam, não como um sussurro, mas como um eco inegável do amanhã, prontos para moldar o mundo à sua imagem.

Num olhar antenado para o horizonte do ano vindouro, onde a única constante é a mudança, tentar desvendar o que aguarda em 2024 e compreender o possível perfil psicológico daqueles que constituem a Geração Z parece ser um desafio, uma tentativa de decifrar um enigma em constante movimento. Após a turbulência causada por uma pandemia – que esperemos se dissipe para todo sempre –, é compreensível que ninguém se aventure a fazer previsões ousadas.

No entanto, algumas tendências se esgueiram diante de nossos olhos, prontas para serem notadas por quem se interessa por elas. Caso contrário, bem, talvez pareça uma monotonia, mas tudo bem, ainda podemos ser bons amigos… com algumas risadas, é claro.

Observa-se uma crescente atenção dos especialistas em marketing voltada para a chamada geração Z, aqueles que oscilam entre 10 e 25 anos de idade. Enquanto as gerações anteriores já foram objeto de estudo extenso no que diz respeito ao mercado e suas preferências de consumo, admito que até então não havia me detido com tanta profundidade para compreender essa nova geração.

É curioso como a vida nos conduz por caminhos inesperados: profissionalmente, é com essa galera que compartilho projetos e trabalhos diariamente, tanto na empresa quanto entre clientes. E, no âmbito clínico, como psicanalista, são eles que trazem suas inquietudes para serem analisadas, o que é fascinante, devo confessar.

Percebo que, de certa forma, compartilho muito de suas características. Alguém, da área psicanalítica diria, “isso é uma contratransferência”, acho pode ser sim, risadas aos montes. Vou falar sobre contratransferência em outro momento. Me aguardem por aqui. Voltando. Na verdade, é uma perspectiva completamente distinta das gerações anteriores.

Esses “nativos digitais”, pertencentes à geração Z, são hipercognitivos, capazes de transitar por múltiplas realidades simultaneamente, especialmente as digitais, absorvendo uma vasta e complexa gama de informações.

Os integrantes da geração Z valorizam sobremaneira o estudo, almejando ingressar em cursos universitários, realizar intercâmbios no exterior, demonstrando uma inclinação ao empreendedorismo e acolhendo bem a ideia de trabalhar remotamente. Seu foco não reside primariamente no dinheiro, mas sim na busca por uma qualidade de vida superior e na vontade de melhorar o mundo, apresentando uma forte carga idealista. Muitos desejam transformar seus hobbies em trabalho. Não buscam uma carreira longeva, mas sim uma realização pessoal rápida, almejando sentir-se parte ativa na melhoria da sociedade através de seu trabalho e estilo de vida. Poderíamos denominá-los como a geração do prazer, e isso está tudo bem!

Reconhecidos também como “nativos digitais”, a geração Z possui uma capacidade hipercognitiva, sendo capaz de vivenciar múltiplas realidades simultaneamente, especialmente no ambiente digital, absorvendo uma vastidão de informações complexas. A tecnologia proporciona a eles ferramentas múltiplas para planejar e controlar suas atividades, conferindo-lhes uma vantagem sobre as gerações anteriores no que diz respeito à antecipação e resolução de imprevistos, minimizando a imprevisibilidade dos eventos e agindo preventiva e corretivamente de forma simplificada. São adeptos da praticidade, autodidatas, responsáveis, realistas e lógicos ao extremo.

O individualismo na geração Z se manifesta na desconstrução de rótulos e na experimentação. Não se permitem ser definidos por classe, gênero ou idade. Valorizam a individualidade, tanto a própria quanto a dos outros, mostrando-se tolerantes à diversidade e promovendo a agregação, o diálogo e a ponderação, evitando radicalismos.

Ao contrário dos millennials, que tendem à polarização e à hiperexposição, a geração Z utiliza as redes como um espaço de conciliação e construção. Além disso, prezam pela transparência e autenticidade, expondo também suas vulnerabilidades, sendo a geração da “selfie sem máscaras”. Não consomem conteúdos que sejam comunicados de maneira artificial.

Interessados na diversidade, os integrantes da geração Z participam de múltiplos grupos simultaneamente, buscando pontos de conexão em diferentes correntes de pensamento e comportamento, sendo inclusivos.

Características da Geração Z:

Imagem/Fonte: HSM

Interage com diversos dispositivos tecnológicos e eletrônicos simultaneamente.

Seu conceito de mundo ultrapassa fronteiras físicas e geográficas.

Agilidade e rapidez nas interações e no trânsito de informações.

Capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo.

Senso de urgência em relação às próprias expectativas.

Flexibilidade e adaptabilidade às mudanças.

Pragmatismo em relação a necessidades profissionais e pessoais.

Tolerância e abertura à mudança social.

Identidade fluida e sem rótulos.
Valorização do acesso em detrimento da posse.

Autonomia como valor inegociável.

A Geração Z e o mercado de trabalho

Os indivíduos pertencentes à geração Z nasceram em uma era onde a conexão com a tecnologia era parte integrante de seu cotidiano. Esse contexto hiperconectado influenciou diretamente sua forma de se relacionar, agir e conduzir tanto suas vidas profissionais quanto pessoais. A facilidade de comunicação e a disseminação de informações moldaram seus comportamentos e expectativas em relação ao mundo do trabalho.

Buscam, no ambiente corporativo, características semelhantes às de seu ambiente pessoal, ou seja, interatividade, fluidez e autonomia, combinadas com o uso da tecnologia. Rejeitam o modelo de autoridade vertical, pois a autonomia é um valor de extrema relevância para eles. A atração desses talentos para o mercado de trabalho demanda uma revisão nos padrões de seleção e recrutamento, planos de carreira e níveis salariais.

A geração Z anseia por um ambiente de trabalho mais descontraído, sem a rigidez da hierarquia e da formalidade, que valorize sua autonomia e compartilhe de seus valores.

Os integrantes da geração Z apresentam alta rotatividade no mercado de trabalho. São impacientes, proativos e desejam uma rápida ascensão na carreira. Ao mesmo tempo, a qualidade de vida e os projetos pessoais são fundamentais para eles. Seu foco principal não é o dinheiro, mas sim a conquista de uma vida pessoal e profissional que esteja em consonância com os valores que defendem, além de sentirem que estão contribuindo para a construção de uma sociedade melhor. Para essa geração, as empresas devem ser éticas, acessíveis e engajadas em causas sociais.

Como se conectar com a Geração Z

A era da Geração Z não se resume simplesmente à compra de produtos. Ela exige mais, um convite para uma dança entre valores, propósito e conexão. Nesse mundo onde o gasto estimado alcança patamares astronômicos, ultrapassando a marca dos US$ 360 bilhões, surge uma geração criativa e destemida. São os nativos digitais, moldando tendências nos palcos do TikTok e dos Reels, redefinindo o jogo do consumo e da identidade.

O que realmente os atrai não são apenas produtos, mas valores. Eles acreditam no papel das empresas como agentes de mudança na sociedade. Estudos indicam que cerca de 60% da Geração Z enxerga o aumento da diversidade racial e étnica como um catalisador positivo para a sociedade. E ainda, uma esmagadora parcela, 70%, prefere direcionar seus gastos para empresas que demonstram um posicionamento ético.

Entender a personalidade de uma marca torna-se crucial nesse palco. A Geração Z anseia por marcas ousadas, que possuam uma voz forte e uma identidade marcante. A autenticidade e a coragem de se posicionar são como ímãs que os atraem para o centro da narrativa.

Mais do que consumidores, eles buscam comunidades. São caçadores de laços que os unam a outros que compartilhem de suas visões de mundo. E é nesse ponto que as marcas podem criar pontes, facilitar essas conexões e nutrir esse desejo de pertencimento, trazendo-os para um espaço de diálogo e cumplicidade.

Em um mundo inundado por conteúdo, a Geração Z desenvolveu um radar afiado para captar a atenção. Com um tempo médio de atenção de apenas 8 segundos, estão sempre à espreita, prontos para mergulhar em algo que os encante ou seguir em busca de novas histórias. Conteúdos que vão direto ao cerne, que tocam suas almas e despertam seus interesses, são os escolhidos para ocupar seu limitado espaço de tempo.

Assim, nesse palco de tendências e movimentos, as marcas precisam mais do que nunca ajustar seus passos para acompanhar essa dança fluida e vibrante. É o convite para uma relação que vai além da transação, é a busca por um entendimento mútuo, um laço que transcende o mero consumo e se aprofunda na essência de valores compartilhados.

A Geração Z no Ponto de Venda

Um grupo crescente e impactante: os nativos digitais, jovens nascidos a partir de 1995, já compõem 30% da população brasileira, trazendo consigo um peso significativo para o cenário varejista. No entanto, conquistar a atenção dessa Geração Z no ponto de venda não é apenas uma questão de presença, mas sim de compreensão profunda de seus padrões de consumo, hábitos e valores.”

Estar em sintonia com a Geração Z no ponto de venda é como embarcar em uma aventura de entendimento e tecnologia. É como dançar no ritmo de uma realidade em constante mutação, onde capturar a atenção desse público exige mais do que apenas entender, é preciso se transformar.

Imagine a loja como um palco: cada detalhe, desde a mentalidade até a digitalização do ponto de venda, é uma peça crucial para conquistar esse consumidor que vive em um mundo completamente conectado.

A agilidade se torna a essência: é preciso acompanhar a evolução do consumo, manter o cliente informado e garantir que a relação custo-benefício do produto seja clara como água fresca em uma tarde de verão.

O desejo de comprar está sempre presente, mas a forma como a mensagem da marca é transmitida pode mudar num piscar de olhos – a digitalização no PDV surge como resposta a essa nova prioridade de experiência do cliente.

E então, o que acontece? A digitalização começa com a integração de todos os canais de venda. É como transformar o negócio em um polvo, espalhando tentáculos virtuais para acompanhar esse público que flutua entre diferentes plataformas.

A presença é fundamental: é estar nos lugares físicos e virtuais que eles habitam, entregando valor onde eles buscam saciar seus desejos. Para chamar a atenção, entra em cena o digital signage, essa tecnologia que parece ter saído de um conto de ficção científica, com seu poder de atrair olhares, entreter e informar os nativos digitais.

E o gestor? Ele se torna um maestro, conduzindo a análise de dados para criar conteúdos que ressoem com a geração Z, reposicionar produtos e definir preços.

A digitalização é mais do que uma simples adaptação, é uma jornada para entender e conectar-se com uma geração que representa uma fatia considerável da população. É um encontro entre passado e futuro, onde a análise de dados se transforma em guia para decisões ágeis e certeiras.

Afinal, é mais do que uma estratégia de mercado – é uma busca por conexão, uma dança entre a tradição e a inovação para conquistar corações e mentes.
Estamos prontos para embarcar nessa jornada ?

Roberto Marinho
Publicitário e Psicanalista
Contato: Robertomarinho28@gmail.com

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