Foi realizado na manhã deste sábado (1/9), nos estúdios da Rede Bandeirantes, o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Carapicuíba. Todos os candidatos da cidade participaram do programa: Dr. João Pereira (PTdoB), Marcos Neves (PSB, coligado ao PSDB), Osmar Negreiros (PSOL), Irmão Aragão (DEM) e o atual prefeito Sérgio Ribeiro (PT, da coligação “União por Carapicuíba”, que ainda envolve os partidos PRB, PP , PDT, PTB, PMDB, PTN, PSC, PR, PPS, PSDC, PRTB, PHS, PTC, PRP, PPL, PSD e PC do B).
As regras do debate são semelhantes às regras dos debates realizados com os candidatos de São Paulo e outras cidades da Grande São Paulo, como Osasco, Guarulhos e Diadema (Cotia não está incluída na lista). No primeiro bloco, os candidatos respondem a uma pergunta da Bandeirantes. No segundo bloco, eles fazem perguntas entre si candidatos, sendo um minuto para a pergunta, um minuto e meio para a resposta, um minuto para a réplica e um minuto para a tréplica. Qualquer candidato que tiver se sentido ofendido pôde pedir direito de resposta no momento da suposta ofensa, mas o pedido ainda teria que ser aprovado por uma comissão da Band.
No terceiro bloco, os candidatos respondiam a perguntas dos jornalistas Sandro Barboza, da Rede Bandeirantes, e Eduardo Barão, da rádio Band News. Os jornalistas podiam escolher um candidato para responder e outro para comentar, sendo 45 segundos para a pergunta, um minuto e meio para a resposta, um minuto para o comentário e um para a réplica. No quarto bloco, mais uma rodada de perguntas entre candidatos. O quinto e último bloco era para as considerações finais de cada político.
O debate foi, no geral, morno, com alguns momentos de provocações e acusações. No primeiro bloco, cada candidato respondeu à pergunta: “Qual será o seu primeiro ato ao tomar posse?”
O atual prefeito, Sérgio Ribeiro , promete colocar em prático o plano de governo que tem debatido com a população. Já Marcos Neves se comprometeu a melhorar a saúde, que, segundo ele, vive dias difíceis em Carapicuíba. Osmar Negreiros trouxe talvez a proposta mais polêmica: reunificar Carapicuíba a Barueri (município vizinho do qual se desmembrou em 1965). Segundo ele, esta é a melhor maneira de melhorar a distribuição de renda da cidade, que estaria falida hoje (um plebiscito teria de ser realizado para que a medida fosse efetivada).
Dr. João Pereira (que, curiosamente, trazia em seu terno um adesivo do candidato Celso Russomano, que concorre à prefeitura de São Paulo pelo PRB, partido coligado ao seu oponente Sérgio Ribeiro) também se preocupou com a saúde, e prometeu construir um pronto socorro infantil. Também quer melhorar a situação do cemitério da cidade. Irmão Aragão, o último a falar, quer fazer cumprir a Lei Orgânica Municipal, que estipula um piso salarial de dois salários mínimos para os servidores públicos e a disposição de serviços funerários aos munícipes. Sugeriu também uma empresa de ônibus municipal com tarifas a R$ 2 reais (hoje, a passagem custa R$ 3).
Durante os blocos de perguntas entre candidatos, foram debatidos, entre outros assuntos, a privatização do cemitério de Carapicuíba, a situação da saúde e do meio ambiente do município. O atual prefeito Sérgio Ribeiro aproveitou a discussão para destacar sua atuação nos últimos quatro anos e enfatizou as parcerias com os governos estadual e federal. Marcos Neves destacou especialmente as parcerias com o atual governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, único partido coligado ao seu (PSB), e focou suas propostas para a saúde. Osmar Negreiros voltou a defender a reunificação de Carapicuíba e chamou a atenção para uma suposta indústria da multa que existe hoje no município. “Os agentes que trabalham multando os cidadãos devem ser realocados para outras funções”, defendeu ele.
João Pereira também defendeu a saúde, e, para melhorar a educação da cidade, comprometeu-se a criar creches 24 horas.
O candidato Irmão Aragão foi quem trouxe mais calor ao debate: acusou o atual prefeito de ser um “candidato ficha suja”. Por meio de um direito de resposta, Sérgio se defendeu afirmando que sua ficha é suja por causa de um pequeno problema envolvendo a prestação de contas de sua candidatura a deputado estadual em 2006. “Foi só um problema de formalidade, que não trouxe nenhum prejuízo para a população”, afirmou ele.
No bloco de perguntas de jornalistas, Sandro Barboza lembrou que Carapicuíba é uma cidade-dormitório, na medida em que os moradores trabalham em cidades vizinhas (uma realidade bastante conhecida por nós, granjeiros). Para combater o problema, João Pereira sugeriu reduzir o ISS da cidade, cujo nível atual afugenta empresários. Sérgio retrucou lembrando que Carapicuíba está entre as 20 cidades paulistas com maior geração de empregos, segundo o Ministério do Trabalho. Para ajudar na geração de empregos, o prefeito pretende ainda aumentar o número de salas de aula nas ETECs de 25 para 69.
Já Eduardo Barão indagou Marcos Neves sobre suas futuras atuações em casos como a favela do Savoy, que foi alvo de um pedido de reintegração de posse no início deste ano. Marcos respondeu que o governo do estado se comprometeu a ajudar a prefeitura a construir casas populares para os moradores de áreas irregulares. João Pereira então o acusou de não ter enfrentado o problema de frente, ao qual Marcos rebateu dizendo que acompanhou a questão de perto com o governador, o Secretário de Habitação de São Paulo e uma comissão de vereadores.
Sandro Barboza perguntou novamente, desta vez a Osmar Negreiros, e abordou a questão do meio ambiente, por meio de dados bem interessantes: Carapicuíba é a cidade com menor área verde e com menos parques da Grande São Paulo. Osmar afirmou que pretende retirar pessoas de áreas de risco, urbanizar os locais, e plantar mais árvores. Marcos Neves comentou listando os parques atuais e futuros de Carapicuíba (não citou, contudo, o Parque Ecológico de Carapicuíba, localizado dentro do empreendimento Alphaville Granja Viana) e dizendo que quer convocar funcionários públicos para plantar árvores aos sábados.
Eduardo Barão trouxe a questão das enchentes e dirigiu-a a João Pereira, que respondeu ser necessário conferir o tamanho dos canos usados para canalizar a cidade, e defendeu a construção de piscinões. Irmão Aragão comentou lembrando que é preciso conscientizar a população sobre o lixo, muitas vezes jogado nas ruas, o que pode agravar o problema das enchentes.
Sandro Barboza finalizou o bloco dos jornalistas perguntando sobre os problemas de mobilidade nas regiões de acesso ao Rodoanel e à Rodovia Castello Branco, as duas maiores vias que passam pela cidade. Sérgio aproveitou a pergunta dirigida a ele para destacar os projetos de intervenção viária que começou a implantar na cidade com o apoio do governo estadual. Osmar retrucou criticando o fato de todas as obras da cidade serem feitas em parceria com algum governo. Sérgio defendeu-se dizendo que a construção de creches e as obras de pavimentação e recapeamento de vias, por exemplo, foram realizadas com recursos do município, apenas.
É curioso notar que, até o fim do debate, a segurança pública da cidade não chegou a ser discutida. A Granja Viana também não chegou a ser citada em nenhum momento.
O primeiro turno das eleições acontece no dia 7 de outubro. Por ter mais de 200 mil eleitores, Carapicuíba é sujeita a ter segundo turno, caso o candidato mais votado não obtenha 50% dos votos válidos mais um. Se for o caso, o segundo turno será no dia 28 do mesmo mês.