Home / Obras / Procurador-geral pede anulação do Plano Diretor de Cotia por irregularidades ambientais e urbanísticas
default

Procurador-geral pede anulação do Plano Diretor de Cotia por irregularidades ambientais e urbanísticas

Justiça de SP Suspende Plano Diretor e Lei de Zoneamento de Cotia Após Ação do Ministério Público

 

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP), sob a liderança do Procurador-Geral de Justiça Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, obteve na última segunda-feira (27) uma decisão liminar favorável do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para suspender o Plano Diretor e as Leis de Uso e Ocupação do Solo de Cotia. A medida atende a uma ação de inconstitucionalidade protocolada pelo MP no dia 21 de janeiro, que questiona severamente as alterações recentes na legislação urbanística do município, destacando seus impactos negativos para o meio ambiente e a qualidade da urbanização local.

A principal crítica levantada pelo MP refere-se à ausência de planejamento técnico adequado e participação popular na formulação das leis. Entre as mudanças mais polêmicas está a autorização de construções de até 30 andares em diversas áreas urbanas, incluindo regiões próximas à rodovia Raposo Tavares e à Granja Viana — conhecidas por sua vocação residencial e preservação ambiental.

Outro ponto abordado na ação é a flexibilização do uso de áreas rurais e de proteção ambiental, como a APA de Itupararanga. Alterações aprovadas permitem atividades agroindustriais e exploração agrícola e pecuária em regime de sustentabilidade, mas, segundo o MP, comprometem o equilíbrio ambiental e violam legislações estaduais e federais.

As leis impugnadas, aprovadas em 2022 e 2024 durante a gestão do ex-prefeito Rogério Franco, enfrentaram protestos de moradores e organizações ambientais, como a Associação de Amigos e Moradores da Granja Viana (AMOGV). Renato Rouxinol, consultor técnico e jurídico do Coletivo PanVerde, responsável pela denúncia inicial, destacou a gravidade da situação:

“Essas mudanças configuram um grave retrocesso ambiental, colocando em risco a qualidade de vida da população e o patrimônio natural do município. Trata-se de um esquema sistemático que compromete toda a legislação urbanística e precisa ser amplamente revisado.”

A decisão liminar, assinada pelo desembargador Mário Devienne Ferraz, aponta que as leis violam o princípio constitucional da vedação ao retrocesso socioambiental, além de desrespeitarem os artigos 191 e 192 da Constituição Estadual. O magistrado ressaltou a falta de estudos técnicos atualizados e a ausência de consulta popular durante a elaboração das normas, evidenciando riscos ambientais irreparáveis caso elas permanecessem em vigor.

“A intensidade dos efeitos urbanísticos e sociais dessas leis, somada à possibilidade de aprovação de obras e modificações físicas irreversíveis, representa grave ameaça ao meio ambiente, à saúde e à segurança da população local,” afirmou o desembargador em sua decisão.

Com a liminar, as Leis Complementares nº 380/24 e 381/24 ficam suspensas até o julgamento definitivo da ação. O prefeito de Cotia e o presidente da Câmara têm 30 dias para apresentar suas manifestações, enquanto o MP tem 15 dias para dar seguimento ao processo.

A atual gestão municipal, comandada por Wellington Formiga, afirmou em nota que não pretende recorrer de decisões judiciais que anulem as leis e garantiu que revisará o Plano Diretor com ampla participação popular e transparência, buscando corrigir possíveis falhas e construir um modelo mais sustentável para o município.

Para Renato Rouxinol, entretanto, esta é apenas a “ponta do iceberg”. Ele denuncia um histórico de adulterações sistemáticas e criminosas na legislação urbanística de Cotia, que, segundo ele, ainda não foram investigadas a contento:

“Desde 2011, a legislação urbanística de Cotia tem sido alterada sem estudos técnicos ou participação popular. Zonas residenciais foram transformadas em corredores comerciais, permitindo atividades incompatíveis com o entorno e comprometendo a qualidade de vida dos moradores. Essas irregularidades, já denunciadas pelo Ministério Público, resultaram em desmatamento, ausência de saneamento, calçadas, buracos, alagamentos, trânsito, barulho e insegurança. A recente decisão judicial representa um marco, mas demanda complementação com estudos técnicos para uma revisão completa da legislação, a restauração da urbanidade e uma auditoria rigorosa que responsabilize os envolvidos

A decisão marca um avanço na luta por maior controle ambiental e urbanístico na região, mas também expõe a necessidade de medidas mais enérgicas para combater irregularidades que têm impactos profundos sobre o meio ambiente e a qualidade de vida dos moradores de Cotia.

“Deve-se iniciar com o cancelamento imediato desses alvarás de construção fraudulentos e a cassação das licenças de funcionamento irregulares”

 

Veja o despacho no link abaixo:

2008298-73.2025.8.26.0000 Despacho (1)

Sobre Granja News

O Granja News, jornal voltado ao público da Granja Viana e região, tem circulação em todo o centro comercial da Granja, parte de Cotia e em 90 condomínios da região, como por exemplo, São Paulo II, Nova Higienópolis, Fazendinha.

Leia também

Aprovados na última fase, futuros GCMs iniciam Escola de Formação em novembro

Os 55 futuros novos Guardas Civis Municipais (GCMs) de Cotia, aprovados em todas as fases …

Skip to content